Tenho ainda muito para te contar, aliás, como é obvio, quanto mais tempo passar, mais coisas sobre mim vais descobrir, irás conhecer-me melhor. Nestas ultimas semanas, não podia ouvir falar do Gonçalo, ou encotrar algo relacionado com ele, ou ficava de mau humor, ou chorava quando estava isolada. Mas, como a Neuza me disse, e com razão, não era amor, era mágoa, mágoa de não ter conseguido, de já nem sequer saber se mantenho uma amizade com ele. A verdade é que aconteceu tudo muito depressa, e não estou habituada um tantos baldes de felicidade de uma vez só. Demorei a adaptar-me, é verdade, mas não consegui dizer-te para esperares mais enquanto eu me torturava com meras memórias do passado, enquanto tentava assentar as coisas, pois nem eu própria iria conseguir esperar, pois a vontade de te abraçar beijar, de te acolher como meu e só meu, era mais forte que qualquer tipo de paciencia. Não estou arrependida de qualquer tipo de lágrima que deitei pelo passado, ou de qualquer sorriso revelado no presente, simplesmente, como eu disse, era tudo uma questão de hábito.
E lembraste daquela conversa que teve o Padre Jorge?
(...) O amor constrói-se ao longo de uma relação, cada vez é maior (...)
É completamente verdade. Dizem que não há beijo mais especial que o primeiro, mas para mim, o melhor beijo até agora foi no dia 20-10, enquanto esperavamos pela explicação. Encharcados graças a chuva, levantei-me, tu agarraste-me e beijamo-nos, á medida que passava a mão na tua cara, fui sentido um sentimento ainda maior do que já sentia habitualmente, senti-me tão viva, foi o beijo mais especial de todos, nem sabes o quanto te amei naquele momento.
Acho que as palavras do Padre Jorge se adaptam bastante bem, a nossa relação está a crescer, tanto como o sentimento nela depositada ..
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